Conheça um pouco da história da maior baía da costa brasileira
Com cerca de 1 mil km2 de superfície, a Baía de Todos os Santos é a maior da costa brasileira, com 35 ilhas, em torno da qual formara-se um complexo sócio-econômico centrado na produção e exportação do açúcar e do tabaco; incluindo outras atividades.
Distribuída por mais de 16 mil km2, surge dela o mais extenso parque de arquitetura barroca do País, um importante núcleo de cultura lusa e uma vigorosa comunidade africano-brasileira. Atualmente, a biodiversidade local está ameaçada pela poluição hídrica e atmosférica.
Por quatro séculos, a Cidade do Salvador teve por região o Recôncavo. Mas, a partir da segunda metade do século XIX, o Recôncavo perdeu progressivamente sua antiga importância econômica e política e terminou por isolar-se dos processos que marcaram a vida nacional.
No final da década de 1940, a instalação da Chesf significou a oferta abundante de energia. Segue-se a criação da Petrobrás, com seus campos de pesquisa e extração. Com isso, abre-se um novo ciclo de atividades.
Em 1950, instala-se a Refinaria Laudulpho Alves, em Mataripe. Em 1957, cria-se um terminal marítimo na ilha de Madre de Deus. O povoado de Candeias, vizinho de Mataripe, e a Vila de São Francisco do Conde, um dos centros do complexo da cana, ambos no arco norte da Baía deTodos os Santos — crescem exponencialmente, tornando-se residência do novo operariado e base de operação de firmas sub-contratadas pela Petrobrás.
Desaparece progressivamente a navegação fluvial e costeira. Apesar de sua estrutura gigantesca e de seu papel nas transformações do sistema viário, a Petrobrás se mostraria incapaz de revitalizar a região. As cidades históricas de São Félix, Maragogipe, Santo Amaro, Cachoeira, Nazaré, Jaguaribe, com seus casarões e templos, continuaram a esvaziar-se.
Mas a paisagem da região manteve-se de certo modo intacta. Porém, depois de 1950, a expansão da rede rodoviária nacional e a integração do mercado interno terminariam por marginalizaros velhos centros de produção regional.
Na década de 1960, o governo do Estado cria, na parte norte do Recôncavo, o Centro Industrial de Aratu (CIA), com incentivos fiscais da Sudene. Os investimentos pouco vêm, mas a partir dos anos de 1970, com a criação de um órgão de gestão metropolitana da Capital (Conder), aumenta a segmentação entre Salvador e o Recôncavo, que perdeu varias ilhas. os municípios petroleiros de Candeias, São Francisco do Conde e Madte de Deus e os municípios vizinhos e ao norte de Salvador.
Mais tarde, instala-se, próximo ao CIA o Complexo Petroquímico de Camaçari. Mais uma vez consolidam-se novas atividades sem articulação com cultura e os processos econômicos da região.
Por sua vez, a poluição hídrica e atmosférica já teria produzido episódios intoleráveis, entre os quais um longos vazamentos de mercúrio nas águas da Baía de Todos os Santos desde 1968 a 1980.
Em 2007, uma grande descarga de águas doces, ocasionou o que se chamou de maré vermelha. Segundo o biólogo Ronan Caíres de Brito, o fenômeno pode ter sido causado pela abertura das comportas da barragem de Pedra do Cavalo, no baixo Paraguaçu.
Os sedimentos do fundo da barragem, que contêm micronutrientes, teriam sido despejados na Baía e servido de alimento para as algas, que proliferaram. A maré calma, o sol forte e as temperaturas elevadas teriam agravado o fenômeno, que causou grande mortandade de peixes.
Porém, problemas graves de saneamento e de impactos industriais em uma escala perigosa ameaçam a qualidade ambiental de toda a região, insiste Ronan. A desinformação e a falta de políticas de urbanização e monitoramento ambiental comprometem o patrimônio histórico e contribuem para a instalação de cidades e vilarejos insustentáveis.
Recompor a velha paisagem do Recôncavo é impossível. Porém certamente será possível, afirma Brandão, construir uma nova concepção de desenvolvimento e organização territorial, a partir da qual se possa assegurar um melhor equilíbrio ambiental à área, melhores condições de vida e a afirmação cultural de Salvador e sua região.
ALMANAQUE SOCIOAMBIENTAL 2008
* Texto encontrado no site click RBS
Artigos Relacionados
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário